terça-feira, 25 de outubro de 2016

Uma visão sobre Treinamento Desportivo no Futebol Moderno, sob ponto de vista do Preparador Físico

A metodologia do treinamento, a sistematização das cargas e suas variáveis em aplicabilidade quer no volume ou na intensidade, exigem do preparador físico, habilidade e conhecimento, e uma completa interação com todos demais profissionais envolvidos no planejamento da programação de uma equipe de futebol. Ao pensar em periodização do treinamento para o futebol especificamente, temos algumas linhas de referência:

Periodização tradicional - sem interligação dos trabalhos físicos, técnicos e táticos e que busca a evolução física sem a especificidade da modalidade; considerada ultrapassada e pouco utilizada nos dias atuais.
Periodização integrada – com visão um tanto específica para o desporto, porém, com ênfase em algumas necessidades físicas de forma ainda isoladas, utilizando-se métodos de trabalhos próprios para desenvolver algumas valências físicas.
Periodização tática – com origem europeia, mais precisamente em Portugal, visa a partir do modelo de jogo proposto pelo treinador para a equipe, agregar o aprimoramento das valências físicas necessárias para performance do time, sempre com a utilização da principal ferramenta, a bola, observando sempre os movimentos necessárias no campo para imprimir a filosofia do jogo proposto.
Periodização do resultado – embora sem embasamento cientifico, é amplamente aplicada, e nem se quer consta da literatura acadêmica, mas há que se entender que no futebol, principalmente no Brasil, por vezes o planejamento mais elaborado sofre em detrimento da emergência de resultado, e o conhecimento do preparador físico e toda equipe multidisciplinar envolvida é constantemente posta à prova nestas situações.


Nos dias atuais, todo trabalho do condicionamento físico dos atletas é diariamente monitorado e avaliado por diversos profissionais, que interligados objetivam o caminho a seguir individualmente ou coletivamente para os atletas e por consequência para equipe. Metodologias de treinamento e suas aplicações exigem conhecimento e atualização permanente do profissional sobre as mais diversas possibilidades. É imprescindível a busca constante, tendo em vista que nos dias de hoje, a tecnologia nos permite e facilita o acesso global as informações.
Exames de sangue, urina, avaliações termográficas, exames clínicos mais específicos e outros como ressonância magnética, sem falar nas constantes e tradicionais avaliações físicas, apontando condicionamento cardiopulmonar e muscular, vão posicionando e orientando todos profissionais que fazem o entorno do atleta. Profissionais, que além do preparador físico, são fundamentais nas diretrizes dos caminhos a seguir dentro do planejamento de uma equipe, como médicos, fisiologistas, fisioterapeutas, massoterapeutas, enfermeiros, psicólogos, analistas de desempenho, os próprios treinadores e seus auxiliares, e os treinadores de goleiros e seus auxiliares, vão determinar a estrutura e as melhores condições para produção dos resultados.

sábado, 15 de outubro de 2016

A vida não tem replay, ele diz

         O futebol deu o norte na vida de José Lummertz. Não há como negar que os dias na vida do preparador físico foram determinados por sua paixão. O casamento, a filha e a família entram no ritmo. Vivem a distância, as tristezas, as alegrias, todos juntos e com todo certeza formam histórias que devem ser contadas.


Em 1999, Lummertz namorava a atual esposa Fabrícia Mentz, no entanto morava na cidade de Buraydah à 350 km da capital Ryiadh, coração da Arábia Saudita. O povo local é extremamente conservador,  as mulheres precisam andar totalmente cobertas com lenço e véu na cabeça, as mais conservadoras até com luvas e meias nos pés mesmo com temperaturas perto de 50-55º e as vestes são as mesmas.
            Conhecendo as leis sauditas que não permitem o visto para mulheres solteira, Fabrícia e José Lummertz, tiveram que encaminhar uma declaração de união estável para que ela conseguisse o visto e assim embarcar para a viagem. Fabrícia viajou com a amiga Luciene, esposa do treinador Paulo Henrique  para a Arábia Saudita.  
Como se não bastasse o frio na barriga da viagem, correr atrás da documentação, Fabrícia e Luciene fizeram uma viagem que nunca mais esqueceriam os detalhes.  Para começar, Luciene antes de ir para o aeroporto, ainda no Brasil, foi ao caixa eletrônico e acabou por esquecer a carteira com os documentos no caixa e quando estava quase chegando no aeroporto lembrou, voltou até o local achou a carteira, mas perdeu o voo e precisou pegar outro voo que iria para o aeroporto de Congonhas enquanto Fabricia estava esperando em Guarulhos ansiosa, pois tinha medo que a amiga perdesse o voo que as levaria até Roma. 
Em Guarulhos, Fabricia estava sem saber muito o que fazer, quando avistou uma mulher chorando com uma criança do lado: “pensei só pode ser a Luciene e graças a Deus era. Como o atendente já havia esgotado todos os limites de tempo de espera, corremos e enfim conseguimos embarcar,” conta ela. Quando ambos achavam que está tudo certo, não poderiam imaginar que teriam problemas e solo árabe.
Fabrícia narra a próxima parte da história como o primeiro desencontro e o segundo desencontro, ambos com um único sentimento: o de pânico. Lummertz e Paulo Henrique foram esperá-las no aeroporto errado, e o engano levou a um desencontro de cerca de quatro horas, pois o aeroporto que elas desembarcaram era internacional que fica cerca de 30 km do aeroporto doméstico, onde eles estavam.
Fabricia, Luciene e o filho dela Mateus foram encaminhados para um setor de estrangeiros retidos com problemas. A polícia local estava procurando uma maneira de colocá-las no primeiro vôo para fora da Arábia. Neste meio tempo, Lummertz e Paulo Henrique retornaram para o aeroporto internacional e tentaram localizá-las, foram a diversos setores até que um policial superior resolveu atendê-los, entrou em contato com os demais setores do aeroporto localizando os três. A visita durou 20 dias, Fabricia voltou com uma grande história da bagagem e Lummertz permaneceu com o sentimento de que a vida não tem replay.  


sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Al Hilal Club – Sudan

      Uma das grandes oportunidades de José Lummertz foi chegar no Al Hial Club, a maior e mais tradicional equipe do Sudão. Em Maio de 2014, através de uma indicação do treinador Paulo Campos, que trabalhou no Real Madrid como auxiliar técnico do Wanderley Luxemburgo, e havia passado no Palmeiras, Paraná, Paysandu, como também no Golfo Árabe,  e alguns países da África, José Lummertz chegou no Sudão. Chegou apenas três dias antes do jogo de estréia contra o  contra T. P. Mazembe na fase de grupos da African Champions League daquele ano.



            Foram seis meses no Al Hilal, de maio à novembro  de 2014, memórias como a de um título nacional, um 5° lugar no ranking do continente africano. Porém, há também as lembranças de jogos e dias difíceis no clube, pois os resultados não eram os esperados por alguns momentos. Lummertz precisou agir rápido e avaliar a situação da equipe. Comentado sobre aquele período, ele diz que precisou ressaltar à direção do clube e aos jornalistas que não se resolve problemas apenas com um bom elenco, mas também com organização, boa estrutura e condições de trabalho.
Há experiências que Lummertz comenta que jamais esquecerá, como a impressão que teve da população local: “o povo parece, infelizmente, adaptado ao sofrimento, miséria extrema,  dificuldades de moradias,  de higiene, etc.” Ainda outro fato inusitado foi um treino no a caminho do Congo, na Etiópia,  José Lummertz teve que realizar um treino a noite, mas sem luz no campo, pois o toque de recolher daquele local cortava a distribuição de luz.